Nascido em Mairi, pequena cidade no interior da Bahia onde até hoje não há cinemas, Muritiba já era adulto quando mergulhou pela primeira vez no escurinho de uma sala para ver um filme. Filho de caminhoneiro com uma dona de casa, o cineasta estudou História em São Paulo, indo depois morar em Curitiba, onde, sem encontrar emprego, presta concurso para trabalhar no Sistema de Justiça Estadual, onde atuou como carcereiro por sete anos. Ainda como carcereiro, Muritiba soube que poderia ter horas de trabalho no serviço público abonadas caso estivesse matriculado em algum curso superior. Foi então estudar Cinema e, entre uma aula e outra, resolveu fundir os dois mundos pelos quais transitava: o da cadeia e o da arte de fazer filmes. Assim nasceu sua Trilogia do Cárcere, formada por dois curtas e um longa metragem documental, projetos que serviram de alvará de soltura da vida carcerária e porta de entrada para sua carreira cinematográfica.
Com passagens por Sundance (“Ferrugem”, 2018), Veneza (“Tarântula”, 2015, “Deserto Particular” 2021) San Sebastian (“Para Minha Amada Morta”, 2015, “Ferrugem”, 2018) e Cannes – Semana da Crítica (“Pátio”, 2013), os filmes escritos e dirigidos por Aly Muritiba já conquistaram mais de 200 prêmios em festivais de cinema. Para canais de TV e streaming, Muritiba dirigiu as séries “O Hipnotizador” – S02 (HBO), “Carcereiros” S02 (Globo), “Irmãos Freitas” (Turner) e “Irmandade” (Netflix) e “O Caso Evandro” (Globo Play) e “Cangaço Novo”(Amazon Prime).
Em 2013 seu curta-metragem “A Fábrica” figurou na shortlist do Oscar. Em 2021, além de realizar “O Caso Evandro”, a série true crime indicada ao Emmy Internacional, Aly lançou os longa-metragens “Jesus Kid”, (melhor direção e roteiro no Festival de Gramado) e “Deserto Particular” (prêmio de público no Festival de Veneza e representante brasileiro na corrida do Oscar de 2022).